Francisco B. Assumpção Jr.
O brincar é parte integrante do universo infantil sendo através dele que ela aprende, progressivamente, a se relacionar com o ambiente e consigo mesma.
Dessa maneira ele depende muito mais do desenvolvimento da criança do que de processos de mídia e de publicidade.
Logo nos primeiros meses, o seu brincar é puramente exploratório, com ênfase nos processos sensoriais e, os brinquedos utilizados, dependem assim muito mais de sua consistência, textura, cor e som que emitem, possibilitando à criança, possibilidades de estimulação a nível auditivo, visual, tátil e, esporadicamente, olfativo ou gustativo. Ao final desse período, já próximo dos dois anos, encontramos a criança com a capacidade de “imitar” padrões de comportamento, simplesmente com finalidade lúdica e exploratória. É freqüente assim, a encontrarmos “fingindo que está dormindo”, por exemplo.
Com o advento do pensamento Pré-Operatório, entre dois e seis anos de idade, aproximadamente, o padrão de brincadeiras transforma-se naquilo que é chamado de jogo simbólico, através do qual, a criança manipula o ambiente com sua fantasia, transformando-o para que se adapte.
Desse período são brinquedos pouco estruturados que permitem à ela a utilização da fantasia e a projeção de suas próprias experiências. Dessa maneira, uma menina que “briga” com sua boneca mas depois permite que ela faça aquilo que não podia, não somente repete o modelo familiar observado como o corrige, em sua fantasia, para poder melhor aceitar e compreender as limitações impostas pelo meio.
Após os 7 anos de idade, com o período de operações concretas, as brincadeiras tornam-se mais elaboradas, com os jogos se constituindo em jogos de regras, através dos quais a criança aprende a interagir com o outro de maneira regrada e, portanto, adaptada socialmente, e os jogos de construção, através dos quais ela elabora idéias e as passa do mundo mental para o mundo concreto, de maneira cada vez mais sofisticada e eficaz.
Dessa maneira, o brincar vai possibilitando à criança, durante seu desenvolvimento, a possibilidade cada vez maior, de poder se relacionar adequadamente com o mundo circunjacente, primeiramente de forma imitativa, depois de maneira cada vez mais própria e criativa, permitindo-lhe o caminhar em direção a sua autonomia.
O que os pais podem fazer.
Habitualmente, quando vão comprar presentes, principalmente brinquedos, os pais deixam-se influenciar pela propaganda e pela necessidade de procurarem dar aos filhos o material mais caro e sofisticados que existe no mercado.
Ao fazerem isso, correm o risco de, pouco tempo após darem o material a criança aborrece-se e para de utilizá-lo, preferindo utilizar, em suas brincadeiras, material barato e pouco sofisticado. Não são poucas as vezes em que os pais queixam-se de que “em lugar de brincar com o trenzinho elétrico, a criança prefere brincar com uma porção de porcarias”.
Esse fato mostra exatamente uma das funções do brinquedo que costuma ser ignorada pelo adulto. Ele serve para que a criança possa relacionar-se com as coisas e, dessa maneira, quanto mais estruturado, menores são as suas possibilidades de utilização. Assim, somente após o advento do pensamento concreto, e com a criança já em idade escolar, é que os brinquedos mais rígidos, como os jogos com regras tipo damas ou xadrez, são utilizados a contento.
Mesmo assim, se observarmos o sucesso de jogos de construção tipo LEGO, veremos que o mundo infantil demanda possibilidades de expressão e essa, mais do que dependente da publicidade, é analisada e validada por uma só pessoa: a criança, que usualmente mesmo mobilizada pela propaganda, após receber um brinquedo o analisa e, se ele não supre suas reais necessidades, não o utiliza. Por isso, ao comprar um brinquedo para seu filho, mais do que algo sofisticado, pense se ele representa o mundo infantil ou é somente a projeção do adulto na criança em questão.
fonte: psiquiatriainfantil.com.br
1 comentários:
otimas postagem menina parabensssssssssssss
tudo de bom!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
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